A solução para cumprir o prometido pelo presidente Jair Bolsonaro e aumentar o Bolsa Família, que se chamará Auxílio Brasil, para um mínimo de R$ 400 veio da política e deixou para trás o ministro da Economia, Paulo Guedes, e um teto de gastos fragilizados.
A proposta gestada no Palácio do Planalto pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e a chamada “ala política” do governo, nem mesmo passou pelos cálculos da equipe econômica. Fontes da área econômica ouvidas pela Reuters afirmaram que nem mesmo os números usados pelo relator da PEC dos Precatórios, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), foram analisados no Ministério da Economia.
“Não tenho como explicar, tem que ver com quem inventou isso”, disse uma das fontes.
Desde o final da semana passada, Guedes vinha sendo pressionado a aceitar a propostas de um valor mínimo de R$ 400 para os beneficiários do novo Bolsa Família, o Auxílio Brasil. A ordem que veio do presidente Jair Bolsonaro tem em vista um horizonte muito claro, as eleições de 2022.
Orientado pelo centrão, Bolsonaro passou a ver o aumento do benefício aos mais pobres como a tábua de salvação de uma popularidade cada vez menor e uma chance de reviver suas chances em uma reeleição que estava sendo dada como perdida.
Dentro do Planalto, surgiram as duas possibilidades: a primeira delas, a de “contornar” o teto de gastos, colocando como extra-teto um crédito extraordinário de R$ 30 bilhões para pagar o valor até R$ 400 como um bônus extraordinário até dezembro de 2022.
A reação do mercado, no entanto, à proposta de que se furasse o teto de gastos sem pudor, fez com que Ciro Nogueira e o ministro da Cidadania, João Roma – responsável pelos programas sociais -, passassem a trabalhar na segunda proposta, que por fim foi incluída já nesta quinta na PEC dos Precatórios.
Nogueira e Roma levaram nesta manhã, junto com Hugo Motta, a proposta da mudança do período de cálculo da inflação para reajuste do teto ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que topou a mudança. A conversa aconteceu também com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), com a presença de Paulo Guedes.
Fonte: Forbes Brasil