Não era da natureza do prefeito de Guarabira, Zenóbio Toscano (PSDB), se utilizar de práticas políticas consideradas popularescas para atrair a atenção e o voto do eleitor desavisado. Ele sempre condenou o modo Paulino de governar, a política do “pão e circo” e suas ramificações nefastas a uma sociedade que se pretende buscar amadurecer o processo democrático.
ZT esqueceu o que pensava sobre os males que provocam o assistencialismo barato e está fazendo o mesmo caminho dos Paulino. Quem não lembra daquelas pessoas carregando na cabeça as cestas básicas, como formiguinhas. Saíam aos montes as feiras da ‘casa 15’. Se fazia firula com o dinheiro do povo. As pessoas pagavam (com os impostos) aqueles donativos, e faziam filas para pegar e agradecer ao gestor (a) de plantão.
Zenóbio resolveu inovar. Os milhares de toneladas de grãos de feijão oriundas do Conab foram distribuídos aos montes às famílias famintas. A inovação reside no fato de o próprio prefeito, de próprio punho, se dá o trabalho de entregar as sacolas cheias dos grãos. O prefeito não delegou a função a funcionário por entender, acredito, que ele próprio fazendo a entrega o comprometimento do beneficiário (eleitor) é elevado ao quadrado.
Nas redes sociais circulas fotografias e vídeos do prefeito da cidade fazendo a chamada, assinando a autorização e entregando as sacolas. A “caravana do feijão” percorreu os diversos bairros de Guarabira, com direito a anúncio no rádio e tudo mais. O feijão da Conab, encaminhado pelo Governo da Dilma, serviu como moeda de troca. A fatura será cobrada lá na frente, perto do processo eleitoral. Os nomes das pessoas que receberam foram todos cadastrados, com os dados todos. Fica evidente que quem comeu do feijão terá que “pagar a conta”. Afinal, não existe almoço grátis.
Evidentemente que não quero, nem pretendo, botar gosto ruim no feijão. Mas os holofotes jogados nessas destruições foram além da conta. Não precisava submeter cidadãos e cidadãs ao constrangimento de ter que posar para foto com uma sacola de feijão, ao lado do prefeito ou da primeira-dama. Bastava proceder a entrega com funcionários da Prefeitura e somente só. Faturar politicamente com isso foi exagero.
Imagine os senhores se o governador Ricardo Coutinho (PSB) fosse palmilhar a Paraíba inteira para entregar cheques aos professores contemplados com o prêmio Mestres da Educação e Escola de Valor. Pense como seria Ricardo cumprindo agenda nos quarteis para entregar cheques aos policiais da Polícia Militar, Polícia Civil e Bombeiros contemplados com prêmios pela redução da criminalidade. Impossível imaginar o governador fazendo o pagamento a milhares de pessoas no Abono Natalino do Bolsa Família.
Professores, pessoal de apoio, os envolvidos nos projetos de educação recebem os recursos no contracheque. Os homens e mulheres das forças de segurança, da mesma forma. Já a verba do abono é paga pelos Correios. É assim que deve ser feito quando não se quer tirar proveito da situação. Ricardo procede diferente.
O prefeito não deveria se orgulhar em ter distribuído toneladas de feijão da Conab. Zenóbio foi eleito com a promessa de emancipar o nosso povo, oferecer as condições de as pessoas poderem, com suas próprias dispensas, manter suas famílias dignamente, sem esmolas da gestão do momento. Não é o que está fazendo.