O ex-prefeito Roberto Paulino prometeu em entrevista concedida essa semana (dia 14 de janeiro de 2016), que o próximo prefeito do PMDB de Guarabira vai resolver definitivamente o problema das inundações que atormenta o centro comercial da cidade em períodos chuvosos. O tema voltou à baila no mesmo dia em que as ruas centrais voltaram e vira céu e mar com direito a água invadindo, sem pedir licença, as casas comerciais e causar prejuízos matérias.
Roberto, ávido por mídia e na ânsia de apresentar para o “povo miúdo” uma solução para que não se repita mais a cena de Guarabira parcialmente debaixo d’água, veio com uma saída caseira: “o próximo prefeito do PMDB vai resolver esse pepino das enchentes de Guarabira”, vociferou.
Numa rápida passagem na história política da cidade, auxiliado pela obra literária do professor e historiador Antônio José de Souza, “O pássaro que come peixe”, me certifico que o PMDB, desde sua raiz, tem hegemônico mando administrativo em Guarabira e assistiu, inerte, às inúmeras inundações sem mover uma palha para mudar o curso da história desse presságio.
Professor Antônio Souza indica em seus escritos que no ano de 1976, reinante o bipartidarismo, o jovem candidato pelo MDB, Antônio Roberto de Souza Paulino venceu as eleições municipais com diferença de 219 votos, batendo o Padre Geraldo Pinto, da ARENA, morto durante a campanha, substituído por Dr. Vicente Pontes, faltando pouco mais de um mês para a eleição, vítima de um infarto cardíaco. O escritor conta que “o Padre candidato foi alvo de barulhentas vaias de seus adversários, além de ser acusado de ter um filho”.
Roberto governou a cidade Guarabira por longos seis anos, teve oportunidade de projetar uma saída para os problemas das inundações, atravessou o mandato inteiro e nada fez.
Em 1982, com o advento do pluripartidarismo, a ARENA se transformou em PSD e o MDB se transformou em PMDB, respectivos sucedâneos. Vieram as eleições municipais e o peemedebista Zenóbio Toscano, apoiado por Roberto Paulino, venceu o com corrente Jáder Soares Pimentel, do PSD, por ínfimos 181 votos.
Lá se foram mais seis anos de comando administrativo do PMDB. Zenóbio Toscano e Roberto Paulino juntos e misturados, unha e carne, bebé e tomé. Os dois tiveram uma grande oportunidade de acabar com as inundações e nada. Passada a gestão Toscano viria o retorno de Roberto na eleição seguinte.
Era 1988 quando o PMDB apresentou Roberto Paulino como candidato à sucessão de Zenóbio. Na disputa com Jáder Pimentel, do PFL, Paulino levou vantagem e bateu o adversário, dessa vez por uma margem bem maior, com 1887 votos, segundo conta Antônio Souza em seu livro. Mais um mandato, agora de quatro anos e a história de se repetiu, o PMDB teve a oportunidade, Paulino e Toscano governaram juntos e nada fizeram.
Depois que os amigos Roberto e Zenóbio foram disputar mandatos proporcionais na Câmara Federal e Assembleia Legislativa foram as mulheres dos dois políticos que foram alçadas à condição de mandatárias e o PMDB continuou tendo chances de acabar com as inundações, como prometeu Roberto no rádio.
Em 1996, depois de perder para Jáder Pimentel, que estava filiado ao PDT, e ter ficado quatro anos fora do poder (1993 a 1996), tendo Léa Toscano como candidata derrotada, o PMDB volta à cena e consegue eleger a esposa de Zenóbio, a senhora Léa Toscano, que finalmente chega à Prefeitura, batendo o médico Aluísio Paredes, do PTB. Em 2000 o PMDB continuou no comando da Prefeitura de Guarabira quando Léa se reelegeu batendo o socialista Beto Meireles.
Depois do rompimento dos Paulino e dos Toscano, em 2002, quando Roberto seguiu a liderança de José Maranhão e Zenóbio resolveu acompanhar Ronaldo Cunha Lima, mesmo assim as chances do PMDB se erradicar as enchentes, não sessaram. A esposa do neo ex-amigo de Zenóbio, a senhora Fátima Paulino venceu duas eleições seguidas pelo PMDB. Beto Meireles, pelo PL, era o candidato em 2004 e foi vencido, e Léa Toscano, pelo PSDB, foi derrotada por Fátima em 2008.
Somados os anos em que o PMDB esteve governando Guarabira, ainda na segunda metade dos anos 70 do século passado, foram exatos 32 anos de gestão. A história prova que não faltou chance, nem faltou tempo para ele, o partido, e eles, os Paulino e Toscano acabaram definitivamente com o tormento. Roberto não poderia ter prometido aquilo que teve 32 anos para fazer e não fez.
Sois como sepulcros caiados
Mt 23, 27-32
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de cadáveres e de toda podridão! Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Construís sepulcros para os profetas e enfeitais os túmulos dos justos, e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas’. Com isso, confessais que sois filhos daqueles que mataram os profetas. Vós, pois, completai a medida de vossos pais!”
“Pau que nasce torto, morre torto”.