Tudo começou com Antônio Paulino, que, na década de 60, já ocupava uma cadeira de vereador.
Em 76, o jovem Roberto Paulino se elegia prefeito de Guarabira. Era o início da consolidação de um grupo político-familiar que seria, mais tarde, conhecido como um dos mais longevos da Paraíba.
Até ensaiaram expandir o poderio para a região – na vizinha Cuitegi Antônio Paulino foi prefeito e a filha, Telma, também -, mas não se deram tão bem.
Quarenta anos depois, com a família tendo conquistado diversos mandatos, vivido no poder e se dedicado quase que exclusivamente à política, os Paulino experimentam uma realidade que começou a ser desenhada nas eleições 2010.
Naquele ano, mandando na prefeitura e nos cargos e ‘ações’ do governo do Estado, em Guarabira, foram derrotados fragorosamente. Raniery, cuja mãe era prefeita, perdeu para a ex-prefeita Léa Toscano por quatro mil votos de diferença. O pai, ex-governador, concorreu à deputação federal. Léa, candidata a estadual, pôs dois mil na sua frente.
O eleitor sinalizava, ali, seu descontentamento com a família Paulino. Tanto é que, embora seus membros tendo sido massacrados nas urnas, o candidato a governador de seu partido, José Maranhão, venceu, mesmo que por pouco, diferente de campanhas anteriores. O povo até votou em Maranhão, mas rejeitou Paulino.
Agora, em 2012, o processo de declínio dos Paulino se agrava. De novo, o eleitor manda um duro recado à família e leva à prefeitura Zenóbio Toscano, trinta anos depois de sua primeira e única eleição para esse cargo.
O candidato Josa da Padaria até que tinha atributos para vencer a disputa, mas, não obstante também a trajetória do vitorioso, pesou sobre o peemedebista o grande desgaste da gestão de Fátima Paulino. De tão ruim é impossível dizer qual setor administrativo seu é pior.
Mais do que perder, os Paulino terão de resistir sem a prefeitura e o Estado, algo novo para eles. Nunca, nesses quarenta anos, ficaram tão excluídos do poder.
A experiência dos Paulino fica mais angustiante porque sabem que Zenóbio Toscano assumirá motivado a fazer uma gestão exemplar, que coroe sua carreira, e, para isso, terá o apoio de nove dos quinze vereadores eleitos, a esposa na Assembleia como deputada, e o senador Cássio Cunha Lima, em Brasília. Mais que isso. O novo prefeito contará com o governador Ricardo Coutinho no auge de seu governo, com capacidade financeira para investimentos e tendo perfil realizador muito parecido com o de Zenóbio.
Não bastasse tudo isso – capaz de preocupar a reeleição de Raniery Paulino -, ainda tem o catastrófico desempenho dos candidatos a prefeito que contaram com o apoio do deputado, que sai do pleito último com características de um grande pé-frio.
Raniery perdeu em Guarabira, Caldas Brandão, Araçagi, Juripiranga, Pirpirituba, Mulungu, Cruz do Espírito Santo, Curral de Cima, Dona Inês, Serra da Raiz, João Pessoa e Santa Rita.
Manteve apenas a Prefeitura de Rio Tinto, conquistou a de Pilõezinhos e elegeu vice-prefeito em Cuitegi e Itapororoca.
Os resultados não desautorizam dizer que Paulino está de ladeira abaixo, e, por isso, Raniery deve botar as barbas de molho, pois, em 2014, só terá o verbo para tentar novo mandato.