A Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito é lida na manhã desta quinta-feira (11/8) na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), na capital de São Paulo. Intelectuais, economistas, empresários e sindicalistas defendem democracia e eleições no ato.
Mais cedo, José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça, leu o manifesto Em Defesa da Democracia e da Justiça, no salão nobre da faculdade. Organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o documento teve a adesão de 107 entidades.
O texto começou receber apoio em 26 de julho e conta com 925 mil assinaturas. Entre os signatários, há políticos, entidades sindicais, empresários, professores, artistas e demais cidadãos.
A iniciativa de juristas surgiu após diversos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro e às urnas eletrônicas.
“Precisamos defender a democracia que conhecemos e aprimorar seus mecanismos. Só se sente falta de algo e alguém quem já perdeu algo e alguém. Nós não queremos sentir saudade da nossa democracia. E por isso não podemos sequer flertar com a sua ausência”, disse Patrícia Vanzolini, presidente da OAB-SP.
O evento foi aberto com um discurso do professor Carlos Gilberto Carlotti Júnior, reitor da USP, que destacou as perdas sofridas pela universidade durante o período de repressão.
“Nós, da USP, perdemos vidas preciosas durante um período de exceção, e as cicatrizes ainda são visíveis; vidas que foram ceifadas pela repressão ou livre pensamento. Nesse período, perdemos 47 pessoas que eram parte de nossa comunidade. Nós não esquecemos e não esqueceremos. Aqueles que rejeitam e agridem a democracia não protegem o saber, a ciência, o pensamento e não amam a universidade.”
“Não podemos admitir que um presidente da República não respeite a Constituição que ele jurou respeitar”, disse Miguel Torres, presidente da Força Sindical. “Não é um ato simbólico, é um ato concreto em defesa da democracia”, continuou o sindicalista.
O advogado José Carlos Dias, que foi ministro da Justiça durante o governo Fernando Henrique Cardoso, participou do ato. “Hoje é um outro momento grandioso, eu diria que inédito, porque capital e trabalho se juntam em defesa da democracia.”
Enquanto ocorria a manifestação no Salão Nobre da Faculdade de Direito, do lado de fora no Largo São Francisco, manifestantes gritavam e cantavam. Um dos gritos de ordem entoados era “Fora Bolsonaro”.
Fonte: Metrópoles