De acordo com a delação de Delcídio Amaral, na Operação Lava Jato, Aécio Neves recebeu valores ilícitos da empresa de energia Furnas, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, em um esquema operado pelo então diretor de energia Dimas Toledo. O ex-governador de Minas Gerais também foi citado no depoimento a respeito da CPMI dos Correios, na qual, segundo Delcídio, houve maquiagem de dados fiscais do Banco Rural.
Além de homologar a delação premiada Delcídio Amaral na Operação Lava-Jato, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki retirou o sigilo do processo na manhã desta terça-feira. As informações são do documento que transcreve o depoimento do senador prestado à Procuradoria.
Delcídio afirmou que Dimas Toledo possuía um “vínculo muito forte” com Aécio Neves e que Lula teria dito que, depois de assumir a presidência, Janene e Aécio “pediram por” Dimas, além do PT, que “era contra” e havia “ficado a favor”: “pelo jeito está roubando muito”, teria declarado.
Na CPMI dos Correios, a Lista de Furnas continha doações da empresa a políticos. Delcídio relatou que, por mais que o documento pudesse ser falso (constava como se fosse assinado por Dimas e Delcídio não acredita que ele faria isso), realmente existiu o repasse, e Aécio “sem dúvida” teria sido um dos beneficiados, assim como o PP, através de José Janene. Conforme Delcídio, o PT também teria recebido pagamentos, mas ele não sabia quem os recebia e de que forma.
Por fim, Delcídio declarou que ouviu do deputado José Janene que “Aécio Neves era beneficiário de uma fundação sediada em um paraíso fiscal, da qual ele seria dono ou controlador de fato”, localizada em Liechtenstein, pequeno país europeu próximo da Suíça, que estaria no nome da mãe ou do próprio Aécio. A operação financeira teria sido estruturada por um doleiro do Rio de Janeiro.