Por Jota Alves
O surpreendente anúncio da pré-candidatura de Renato Meireles a deputado federal pelo Cidadania, à revelia das lideranças do partido em Guarabira, gestada no gabinete do presidente estadual da legenda, Ronaldo Guerra, chancelada pelo secretário Tibério Limeira, representa um coice no estômago de Paulino.
Mas a postulação de Renato, filho de Beto Meireles, atuante vereador de oposição na Câmara de Guarabira, diz mais do que leituras menos aguçadas do processo pré-eleitoral vindouro. É um recado claro da direção estadual do Cidadania de que as cartas serão dadas de cima para baixo e não o inverso. Foi-se o tempo que a militância partidária era consultada para opinar sobre possíveis candidaturas. A batida do bumbo mudou.
Meireles também manda recados explícitos a quem interessar possa. Foi-se o tempo que pai e filho precisavam de atravessadores para bater em porta de secretário de estado. Os acontecimentos produzidos na campanha anterior elevaram o nível de desobediência política do clã Meireles.
E diz mais. Renato, Beto e seu povo não vão votar em Raniery Paulino para deputado estadual e já se decidiram por Tibério Limeira. Paulino tem agora a opção da candidatura a federal de Renato, assegurando a reciprocidade da campanha a prefeito, quando Beto foi candidato a vice de Roberto Paulino, ou partir para apoiar um forasteiro.
É conveniente para Paulino votar numa candidatura a federal de fora e com isso fazer uma permuta, recebendo apoio de outro “curral eleitoral”, afinal Raniery precisa de votos para garantir sua reeleição.
É inconveniente Paulino votar em Renato para federal e não ser votado pelos Meireles para estadual. Também é inconveniente ter candidatura de um “filho da terra” e optar por um daqueles políticos ‘copa do mundo’. Sendo assim o dilema está posto. Paulino votará em Renato ou num forasteiro, como feito nas últimas campanhas?
Nesse jogo Renato é franco atirador e não tem nada a perder, muito pelo contrário. A depender da votação conseguir extrair das urnas, poderá usar esse seu capital político para reivindicar mais espaços na estrutura do estado, que vem sendo invadida por Paulino. Lucrará também no aspecto visibilidade além dos limites de Guarabira e deixará de votar para ser votado, deixará de seguir para ser seguido.
Nos cálculos de Meireles ser coadjuvante num cenário de franco favoritismo da candidatura majoritária governista é suicídio político. E Renato já está na estrada, de unhas de fora. As entrevistas em emissoras de rádio, site na web, podcasts e tudo quanto for espaço midiático estão sendo ocupados. E quem vier atrás que fecha a porteira.
Jota Alves é radialista com passagens pelas rádios Constelação FM e Rural AM de Guarabira, Tabajara de João Pessoa e jornais Folha do Brejo e Jornal da Paraíba. Atualmente é editor e articulista político do Portal 25 Horas.
E-mail: jota25horas@gmail.com