
Por Jota Alves
Deputado estadual pelo quarto mandato consecutivo, Raniery Paulino não sabe o que é perder uma eleição que disputou em sua carreira política. Eleito pela primeira vez com 26 anos, em 2006, desde então vem renovando seus mandatos à Assembleia Legislativa da Paraíba, sempre pelo MDB.
Aos 42 anos, Raniery deixou o partido ao qual surgiu na política, filiou-se ao Republicanos e desistiu da reeleição para se aventurar na disputa por uma das 12 vagas à Câmara dos Deputados. Em sua nova legenda disputa com nomes consolidados como Hugo Mota, Wilson Santiago e o novato Murilo Galdino.
A derrota de Paulino é dada como certa porque os prognósticos indicam que ele não supera a votação dos colegas. Para eleger um federal o partido precisa acumular 160 mil votos, segundo cálculos estimados para atingir o coeficiente eleitoral. Para eleger 3 deputados o Republicanos tem que somar mais de 450 mil votos, o que é improvável.
Convém lembrar que Raniery desistiu da reeleição por compreender que dessa vez seria muito difícil conseguir êxito. A mudança da água para o vinho em sua postura na ALPB, saindo de líder da Oposição para líder da Situação deixou o deputado em situação complicada, pois teve que desconstruir o discurso. Raniery chegou a pedir o impeachment do governador João Azevedo (PSB), que foi engavetado pelo presidente da Assembleia, Adriano Galdino.
Na vice-liderança do governo Raniery passou a dar as cartas nas repartições estaduais. No aniversário do seu pai, ex-governador Roberto Paulino, o governador João deu de presente a nomeação para o cargo de secretário Chefe de Governo. Familiares de Raniery, cabos eleitorais e amigos foram agraciados com cargos.
Também pesou para Raniery abrir da reeleição a guinada na relação com a Polícia Militar. O parlamentar sempre se autointitulava defensor da polícia, mas teve que mudar o discurso quando da crise das forças de segurança com o governo. Na Assembleia votou contra a polícia e a favor do governo e por isso foi cobrado publicamente. Acuado, buscou uma saída para perder menos feio. Perder para federal, no sentir dele, é melhor do que perder a reeleição para estadual.
A primeira vez a gente nunca esquece e não será diferente para Raniery. Vai ficar sem o salário de deputado, mas não terá dificuldades para fazer a feira, pois é um homem de posses, é empresário, sócio de emissora de rádio e poderá começar a advogar. Além disso, se João conseguir a reeleição poderá “mamar” no governo.
Raniery, contudo, não vai se sentir só sem mandato. Seu pai é um perdedor contumaz, pois faz mais de 20 anos que não ganha uma eleição sequer, tendo sido derrotado nas cinco eleições que disputou. Sua última vitória foi para vice-governador em 1998. Perdeu para governador em 2002, para deputado federal em 2010, para vice-governador em 2014, para senador em 2018 e para prefeito de Guarabira em 2020.
Embora seja um jogador profissional da política, Raniery pode ter feito um movimento errado no tabuleiro e isso pode lhe custar o mandato, pondo um hiato em sua carreira. É assertivo dizer que está longe a morte política de Raniery, em contraste com o pai. Novas eleições estão no horizonte dele e sem dúvida ainda será prefeito de Guarabira, um sonho que não esconde de ninguém. Seus pais, Roberto e Fátima Paulino já governaram a cidade e ele deverá ter a sua oportunidade.
A preço de hoje e de 2 de outubro de 2022 o que espera por Raniery é a primeira derrota nas urnas.
Jota Alves é radialista com passagens pelas rádios Constelação FM e Rural AM de Guarabira, Tabajara de João Pessoa e jornais Folha do Brejo e Jornal da Paraíba. Atualmente é editor e articulista político do Portal 25 Horas.
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