Por Jota Alves
A partir da próxima segunda-feira, dia 20, o comércio de Guarabira começará a funcionar parcialmente, abrindo às 8 e fechando às 14h, segundo decisão do prefeito em exercício Marcus Diogo (PSDB). O tucano foi pressionado e convencido por representantes do comércio e do serviço e de alguns vereadores, que alegaram o caminhar a passos largos para o colapso da atividade comercial.
Numa sala, a conversa consensual é que a cidade ainda não registrou nenhum caso da Covid-19. Para os que participaram da reunião, hoje (16), é possível evitar aglomeração, adotar as medidas de prevenção como higienização e uso de máscara, por exemplo.
Não se discute o tamanho do prejuízo financeiro que toda a cadeia produtiva está tendo com a situação atual vivenciada pelo planeta. Não são apenas os empresários, comerciantes e trabalhadores de Guarabira que estão sofrendo na pele. O mundo não estava preparado para nada disso e as consequências são danosas e vão deixar cicatrizes. Guarabira não uma ilha inacessível ao vírus. Se ele ainda não chegou é porque a população está fazendo sua parte.
O afrouxamento das medidas restritivas, de distanciamento social, chancelada pela autoridade máxima do município é um passo em falso de Marcus Diogo. Não era hora de recuar, de abrir a guarda. Expor a população num momento em que deveria reforçar o discurso do confinamento veio na hora errada.
Presente da reunião, o diretor do Hospital Regional de Guarabira, Liheldson Barbosa, alertou que as unidades de saúde da cidade não são referência em Covid-19. Leitos foram preparados para receber possíveis pacientes, mas somente até que se transfira para uma unidade referência. Ou seja, não temos estrutura para suportar pressão no Hospital Regional e UPA.
Além do que, a cidade de Guarabira serve como uma caixa de ressonância para a região. O recado que a maior cidade desse compartimento do Agreste dá é que é hora de ir começando a voltar à rotina, quando a ciência diz o contrário. O que está em jogo são vidas e isso deveria ter sido levado em consideração, a despeito de prejuízos financeiros.
Ao permitir que as lojas consideradas de não essenciais é evidente que serão mobilizados os vendedores e todos os trabalhadores necessários para o funcionamento. Com as lojas abertas os clientes às compras e por consequente se aumenta os riscos de contaminação.
A gestão tem pregado o mantra #Fiqueemcasa. Mas como pedir para que as pessoas fiquem em casa se as lojas estão chamando para aproveitar as promoções? Afinal, a gestão vai incentivar o consumo para girar a economia e pedir que as pessoas se mantenham em casa para evitar aglomeração? Há, no mínimo, um contrassenso nisso tudo.
O prefeito vai de encontro ao que orientam as autoridades sanitárias, que indicam o pico da pandemia no Brasil até a primeira quinzena de maio e que as medidas restritivas foram adotadas justamente para se evitar a proliferação do coronavírus. Baixar a guarda justamente agora é temerário, um salto no escuro.
Para usar uma metáfora, é como se estivéssemos vendo a tsunami se aproximando, mas como a onda ainda não quebrou, não haveria nada a temer e ficássemos esperando na areia da praia.
O inimigo comum está rondando e a única forma de nos proteger é o isolamento é ficando em casa e adotando à risca o que a ciência orienta.
Jota Alves é radialista com passagens pelas rádios Constelação FM e Rural AM de Guarabira, Tabajara de João Pessoa e jornais Folha do Brejo e Jornal da Paraíba. Atualmente é editor e articulista político do Portal 25 Horas.
E-mail: jota25horas@gmail.com