O advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Marisa Letícia disse hoje (26), em entrevista coletiva, estranhar que as ações da Operação Lava Jato que visem seu cliente sempre ocorram em algum momento importante da política nacional, em referência ao julgamento final do processo de impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff no Senado. Hoje (26), o ex-presidente Lula e sua esposa foram indiciados pela Polícia Federal em inquérito que investiga a propriedade e as reformas feitas em um triplex no Guarujá, litoral paulista.
“Mais uma vez, os atos da Lava Jato tem uma coincidência com o calendário político do país. Mais uma vez, é um ato em que, numa estranha coincidência, ocorre em um momento importante político do país. Isso me leva a crer que essa peça [o relatório da Polícia Federal], além de ficção, tem viés político”, disse Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente.
Componente político
Em março, Lula foi levado pela Polícia Federal ao Aeroporto de Congonhas, na capital paulista, para depor coercitivamente na Lava Jato. A ação ocorreu pouco antes do processo doimpeachment da presidenta Dilma Rousseff ter sido discutido e aprovado pela Câmara dos Deputados.
“Acho que, em relação ao meu cliente, existe um componente político muito forte, na medida em que ele [Lula] já foi vítima de atos arbitrários, atos praticados com fins estranhos ao processo, como foi a divulgação das conversas interceptadas – conduta essa que a lei define como criminosa – e as estranhas coincidências entre a antecipação de juízo de valor, vazamentos e outros atos [que coincidem] com os momentos políticos do país”, disse o advogado.
Para Martins, o delegado da Polícia Federal, Marcio Adriano Anselmo, autor do inquérito policial que indiciou Lula, também não é isento para investigar seu cliente por já ter manifestado oposição a Lula nas redes sociais. “A pessoa que vai a uma rede social e chama a pessoa que ele está investigando de ‘anta’ e, outras coisas mais, e que se posiciona politicamente em relação a pessoas políticas que estão em campo antagônico a daquela que ele investiga: para mim é muito claro que essa pessoa não tem isenção e seria obrigação por lei, dessa autoridade, ter-se declarado suspeita”, disse Martins.
Fonte: Agência Brasil