A presidente Dilma Rousseff veiculou na internet um pronunciamento de seis minutos e 39 segundos como alternativa ao que chegou a cogitar, para ser transmitido neste sábado (16), em rede nacional de rádio e TV – mas que, antes mesmo de ser judicialmente desautorizado, foi desaconselhado pelo ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo. No vídeo, postado no Youtube e no site do Partido dos Trabalhadores, Dilma volta a atacar a oposição e, em estocada nos parlamentares investigados na Operação Lava Jato, disse que não é mencionada em listas de propina de qualquer esquema de corrupção.
“Meu nome não está em nenhuma lista de propina. Tampouco sou suspeita de qualquer delito contra o bem comum. A denúncia contra mim em análise no Congresso Nacional não passa de uma fraude. A maior fraude jurídica e política da história de nosso país”, discursa Dilma, em referência indireta a listas como a que a Polícia Federal encontrou com um executivo da Odebrecht no fim de março – e que, como este site mostrou no dia 8 daquele mês, reúne mais de 300 nomes de 25 partidos, em que figuram 48 prefeitos, 33 vereadores e 23 deputados estaduais.
Dilma afirma também que está defendendo não apenas o seu governo, mas a democracia brasileira. “No próximo domingo, teremos a oportunidade de reafirmar nosso compromisso com a democracia, a liberdade e o estado de direito. O que está em jogo não é apenas o meu mandato. É o respeito à vontade soberana do povo brasileiro, o respeito às urnas. (…) Por isso, é minha obrigação esclarecer os fatos e denunciar os riscos desta aventura golpista para o país”.
Em outro trecho, a presidente afirma que seu mandato estaria sob ataque desde a sua reeleição, em 2014. “Desde que fui (re)eleita, parte da oposição, inconformada, pediu a recontagem dos votos, tentou anular as eleições e passou a conspirar pelo impeachment. Mergulharam o país em um estado permanente de instabilidade política, impedindo a recuperação da economia”.
Em outro ponto do pronunciamento, Dilma se refere, sem citar nomes, aos artífices do que diz considerar “uma aventura golpista”. “Vejam quem está liderando este processo e o que propõem para o futuro do Brasil. Os golpistas já disseram que, se conseguirem usurpar o poder, será necessário impor sacrifícios à população brasileira. Com que legitimidade? Querem revogar direitos e cortar programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida”, acrescenta a presidente, em outra referência indireta – desta vez ao vice-presidente Michel Temer (PMDB), que vazou áudio em que, falando com se já fosse presidente da República, garantiu que não extinguiria programas como o Bolsa Família.
“O que move os golpistas são os nossos acertos”, provocou a petista.