Emulando o presidente Jair Bolsonaro, militantes que o apoiam cegamente têm se unido nas críticas do mandatário ao Supremo Tribunal Federal (STF) para promover os atos do próximo dia 7 de Setembro, quando se celebra a Independência do Brasil. Alguns deles até descumprem decisões judiciais para incentivar os apoiadores a seguirem para Brasília e São Paulo em uma manifestação de apoio a Bolsonaro e que defende a destituição dos 11 ministros do STF, assim como a recriação do voto impresso, ainda que a medida tenha sido rejeitada pela Câmara dos Deputados. E a reação do STF levou um dos promotores dos atos à prisão.
Nesta sexta-feira, o presidente repetiu seu discurso autoritário e afirmou, sem citar nomes, que os atos servirão como um ultimato a um ou dois ministros do Supremo. O recado foi dado a Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que atualmente também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Nós não criticamos instituições ou Poderes. Somos pontuais. Não podemos admitir que uma ou duas pessoas que, usando da força do poder, queiram dar novo rumo ao nosso país”, afirmou durante evento em Tanhaçu (BA).
Neste mesmo dia, o jornalista Wellington Macedo, que havia sido proibido de usar as redes sociais para falar sobre a manifestação, acabou preso em Brasília. No último domingo, juntamente com outro investigado, Macedo participou de uma transmissão ao vivo em que reforçou as críticas ao Judiciário, em um material que servia como propaganda para os atos pró-Governo.
Também estava no encontro virtual o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, que nas redes é conhecido como “Zé Trovão, a voz das estradas”. Ambos são apontados como organizadores dos atos antidemocráticos. Entre grupos bolsonaristas, havia a informação de que Trovão também foi preso, o que não foi confirmado pelo STF ou pela Polícia Federal. Quem promoveu a reunião foi o blogueiro governista Oswaldo Eustáquio, que já foi detido no âmbito do inquérito das fake news, mas acabou libertado.
As provocações do caminhoneiro foram duras. Sem provas, ele acusou ministros de venderem sentenças. “Já que eu tô lascado, eu vou falar. Estão só que vendem os habeas corpus”, disse. E completou: “Quer me prender, me prenda no meio do povo, não na minha casa”. As provocações se amplificaram nos dias 30 e 31 de agosto. Ele enviou vídeos a outros blogueiros e youtubers da extrema direita, convocando para o protesto, e ainda concedeu entrevista à emissora de rádio Jovem Pan News, que é alinhada a Bolsonaro.
A proibição de que esses bolsonaristas usassem as redes foi decidida por Alexandre de Moraes, um dos dois ministros do STF com quem Bolsonaro comprou briga e de quem pediu o impeachment —pleito já rejeitado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Desde o dia 20 de agosto, Moraes proibiu que fossem feitas doações financeiras para o movimento do qual Trovão e Macedo fazem parte. Ainda assim, o grupo driblou a decisão e mudou a chave Pix —o código de acesso bancário— para receber as doações. Antes, os valores eram creditados ao site bolsonarista Brasil Livre. Agora, elas caem na conta de Luiz Antonio Mozzini, que usa o codinome de Luís Mussini, e é produtor musical de diversos artistas sertanejos, como Sérgio Reis, outro dos investigados por esses atos antidemocráticos.
Fonte: El País Brasil