Por Jota Alves
Está para ser materializado nas próximas semanas um fato político que representa muito para uma das mais tradicionais famílias da política na região do Brejo. A família Paulino, que criou raiz no antigo PMDB, hoje MDB, está prestes a deixar a legenda.
Roberto Paulino, Raniery Paulino e Fátima Paulino, que já acumulam vários mandatos desde o início de suas carreiras pela legenda, caminham para desembarcar do partido, tudo em nome do poder.
É que o MDB deve apresentar o senador Veneziano Vital do Rêgo para disputar o Governo da Paraíba pela legenda, com o apoio do PT de Lula, e eles já anunciaram que ficam contra o candidato do MDB, e apoiam a reeleição do governador João Azevêdo, que atualmente está no Cidadania, mas pode migrar para outro partido se houver a fusão com o PSDB.
A conjuntura e a necessidade de sobrevivência impõe ao grupo romper com a legenda para se beneficiar e beneficiar os seus mais próximos, os aliados que estavam desde 2011 fora do poder. A última vez que Paulino esteve “na graxa” foi quando Cássio Cunha Lima foi cassado pelo TSE (em novembro de 2008) e Maranhão (falecido) assumiu o comando até final de 2010.
E tem um agravante. Por decisão do STF, as pensões e aposentadorias de ex-governadores foram consideradas inconstitucionais e deixaram de ser pagas. Com isso, Roberto Paulino viu sua renda cair pela metade, ficando apenas com aposentadoria de ex-deputado. A renda foi reposta com o salário de secretário de Governo, um presente de João Azevêdo ao novo aliado.
O discurso de fortalecimento do partido tradicional como o MDB, a luta pela ocupação de espaço como protagonista, a simbologia do 15 (quinze), tudo isso deve ser ignorado em nome do poder. Como diz o adágio popular, “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
É tudo ilusão o discurso ideológico em praças, em comícios, agora na versão digital, com o advento das redes sociais e afins. Pelo povo e para o povo é conversa fiada. “Mateus, primeiro os meus, depois os teus”.
Cabe aqui uma lembrança de um dia desses, de 2020, quando Raniery Paulino era líder da bancada oposicionista, e que protocolou pedido de impeachment do governador João Azevêdo e da vice-governadora Lígia Feliciano, que foi arquivado pela Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.
Na “bacia das almas”, Paulino foi içado para ocupar a vice-liderança da bancada governista, desconstruiu tudo que havia dito antes, mudou de opinião, emplacou o pai no primeiro escalão e acomodou os seus amigos em postos de destaque na estrutura do governo em Guarabira.
O destino partidário da família Paulino vai ser uma decisão do governador João Azevêdo. Por enquanto estão dependendo dos ventos que sopram de Brasília, da chamada federação dos partidos para diminuir o número de legendas de aluguel e juntar a farinha no mesmo saco.
Jota Alves é radialista com passagens pelas rádios Constelação FM e Rural AM de Guarabira, Tabajara de João Pessoa e jornais Folha do Brejo e Jornal da Paraíba. Atualmente é editor e articulista político do Portal 25 Horas.
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