O cantor e compositor Geraldo Azevedo revelou durante um show no último sábado em Jacobina (BA) que foi torturado na ditadura militar pelo general Hamilton Mourão, candidato a vice de Jair Bolsonaro. “Olha, é uma coisa indignante, cara. Eu fui preso duas vezes na ditadura, fui torturado, você não sabe o que é tortura, não. Esse Mourão era um dos torturadores lá”, disse.
O artista também manifestou o seu sentimento de indignação sobre o que o que pode acontecer com o Brasil. “Olha, eu não sei se isso aqui vai entrar em algum choque com a prefeitura, coisa e tal, mas é o meu sentimento de indignação em relação com o que pode acontecer com o Brasil… O Brasil vai ficar muito ruim se esse cara ganhar”.
O general da reserva Hamilton Mourão, vice na chapa do candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, disse que vai processar o cantor e compositor Geraldo Azevedo que o acusou em um show no fim de semana de torturá-lo durante o regime militar. Mourão afirmou que em 1969, ano em que o artista esteve preso pela primeira vez, ainda não tinha ingressado no Exército. Procurado pela reportagem na manhã desta terça-feira, Azevedo negou que o candidato a vice na chapa de Bolsonaro estivesse entre os militares que o torturaram quando ele foi preso, em 1969 e em 1974. Nesta terça, 23, o candidato do PT, Fernando Haddad, acusou Mourão de ter sido torturador durante a ditadura brasileira.
“É uma coisa tão mentirosa”, disse Mourão. “Ele me acusa de tê-lo torturado em 1969. Eu era aluno do Colégio Militar em Porto Alegre e tinha 16 anos”, afirmou o general da reserva. “Cabe processo.” Hamilton Mourão entrou em 1972 na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) onde, em 12 de dezembro de 1975, foi declarado aspirante-a-oficial da Arma de Artilharia. É filho do general de divisão Antonio Hamilton Mourão e Wanda Coronel Martins Mourão.
Em nota, o artista pediu desculpa “pelo transtorno causado pelo equívoco e reafirmou sua opinião de que não há espaço no Brasil de hoje para a volta de um regime que tem a tortura como política de Estado e cerceia a liberdade de imprensa”.