A delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, parte das investigações da Operação Lava Jato e tornada pública nesta quarta-feira 15, traz graves acusações contra o presidente da República interino, Michel Temer (PMDB).
De acordo com Machado, Temer pediu recursos ilícitos para financiar a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo, em 2012, e reassumiu a presidência do PMDB para “controlar a destinação dos recursos” remetidos ao partido.
Machado afirma que o valor acertado com Temer para a campanha de Chalita foi de 1,5 milhão de reais e que a negociação ocorreu em setembro de 2012, na base área de Brasília. Segundo ele, a “doação” teria sido feita pela construtora Queiroz Galvão.
Conforme relatou Machado em sua delação, “o contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita”, que o candidato do PMDB “estava com problema no financiamento da candidatura” e “não estava bem na campanha”.
A fala de Machado foi uma explicação a respeito da conversa entre ele e o ex-presidente José Sarney (PMDB) gravada no dia 10 de março. Na ocasião, Machado revela a Sarney que fez uma “contribuição” a Temer.
“Eu contribuí pro Michel para a candidatura do menino [para os investigadores, o “menino” seria Gabriel Chalita]. Falei com ele até em um lugar inapropriado, que foi na base aérea”, afirmou Machado, conforme áudio revelado pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
Em nota divulgada no início da noite, o Palácio do Planalto afirmou que “é absolutamente inverídica” a versão de que Temer solicitou recursos ilícitos a Sérgio Machado, “pessoa com quem mantinha relacionamento apenas formal e sem nenhuma proximidade”.
Chalita disputou as eleições de 2012 pelo PMDB de Temer e foi secretário municipal da Educação de São Paulo na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). Chalita estava no cargo desde janeiro de 2015 foi exonerado no dia 2 de junho. Cotado para ocupar a vaga de vice na candidatura do petista à reeleição, Chalita saiu do PMDB após o rompimento do partido com o governo de Dilma Rousseff e filiou-se ao PDT.
Fonte: Carta Capital